CBROHI

Em Julho os cirurgiões-dentistas de todo o Brasil se unem em torno do Julho Bordô, iniciativa do Colégio Brasileiro de Odontologia Hospitalar e Intensiva e que visa apoiar o combate à mucosite oral em pacientes oncológicos.

A presidente do CBROHI, Julia Lamy, explica que a campanha busca conscientizar os pacientes oncológicos que eles não precisam sofrer com a mucosite oral, decorrente do tratamento quimioterápico, bem como sensibilizar as equipes médicas para que não deixem de indicar o acompanhamento odontológico para tratamento preventivo.

A mucosite oral aparece comumente no período de imunossupressão, que pode de ocorrer após alguns dias do início da terapia antineoplásica em consequência dos efeitos tóxicos do protocolo quimioterápico e/ou após as primeiras sessões de radioterapia em região de cabeça e pescoço.

IMPORTÂNCIA DA CAMPANHA

Para a diretora acadêmica do CBROHI, Raquel Richelieu, o encaminhamento precoce para dentistas capacitados e habilitados em laserterapia é essencial: “É importante combater a aparição da doença, que não é só uma ‘feridinha’. Ela é debilitante, pode levar ao agravamento da morbidade do paciente, além de deixar uma porta aberta para infecções e suspensão do tratamento oncológico”.

Eduardo Fregnani destaca a importância do paciente seguir as orientações dos profissionais de odontologia, com a concomitância multidisciplinar composto por dentista, tratamento oncológico, cuidados orais, remoções de foco e laserterapia. “O cirurgião-dentista precisa ser capacitado para o tratamento de pacientes oncológicos com mucosite oral, não podemos nos esquecer do compromisso ético que assumimos em nosso juramento”, comenta o diretor científico do Colégio.

Por ser uma das complicações mais frequentes, sintomáticas e preocupantes da quimioterapia agressiva e radioterapia em região do Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP), o Colégio acaba dialogando com o Julho Verde, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), e que procura esclarecer sobre a prevenção e tratamento da doença.

A MUCOSITE ORAL E A LASERTERAPIA

Apesar de ser autolimitada, cicatrizando geralmente em 2 a 4 semanas após o término ou interrupção do tratamento quimioterápico ou radioterápico, a mucosite oral causa dor e incômodo intensos, o que dificulta a alimentação diária. Ela pode atingir todo o trato gastrointestinal, da cavidade oral ao ânus, com lesões atróficas e avermelhadas que podem evoluir para úlceras hemorrágicas, além do risco aumentado para infecções secundárias. Todas essas complicações podem comprometer a qualidade de vida e interromper o tratamento oncológico.

O laser de baixa potência (laserterapia) traz benefícios clínicos e funcionais. Por apresentar ação anti-inflamatória, ele acelera o processo de cicatrização das úlceras e reduz o quadro doloroso. A laserterapia é benéfica na prevenção e tratamento de uma das principais complicações bucais causada pela quimioterapia e radioterapia.

O CBROHI buscou, em ações junto ao Ministério da Saúde, que fosse criado o código específico da laserterapia na tabela do Sistema Único de Saúde, vitória que veio em julho de 2020, com o registro do procedimento 03.07.03.007-5 – TRATAMENTO DE LESÕES DA MUCOSA BUCAL.

O tratamento também já consta no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar pela Resolução Normativa RN Nº 387. A aprovação dos procedimentos depende dos acordos comerciais que os hospitais possuem com as operadoras de saúde, no caso da rede privada. Dependendo do tipo de plano ou categoria, o pedido será liberado ou não pela operadora, mesmo com a inclusão do procedimento no ROL da ANS. “Quem pode negar o procedimento é a operadora. Quando não existe acordo comercial entre o hospital e a operadora para algum procedimento o sistema do hospital pode dar a informação de ‘não coberto’, o que não significa negado”, explica a presidente do CBROHI.